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Orientações sobre o Zika Vírus para os profissionais de Saúde de Goiás


10.12.2015

 NOTA TÉCNICA nº 02/2015 – GVE/SUVISA/SES-GO

 

                                                                    COORDENAÇÃO DE DENGUE

Goiânia, 25 de novembro de 2015 

Assunto – Orientações para notificação de casos suspeitos de microcefalia.

1- Apresentação

   No segundo semestre de 2015 observou-se um aumento do número de casos de microcefalia na região nordeste do país comparando-se aos anos anteriores. Tal evento foi notificado à Organização Mundial da Saúde (OMS) em 23 de outubro de 2015 pelo Ministério da Saúde do Brasil.

         Em 12 de novembro de 2015 o Ministério da Saúde publicou a Portaria GM nº 1.813, de 11 de novembro de 2015 que declara Emergência em Saúde Pública de importância Nacional (ESPIN) por alteração do padrão de ocorrência de microcefalias no Brasil, com base no Decreto nº 7616, de 17 de novembro de 2011.

2- Orientações aos profissionais de saúde

Frente ao atual cenário epidemiológico recomenda-se:

1- Notificar imediatamente os casos suspeitos, por meio do formulário de Registro de Evento de Saúde Pública referente às microcefalias (RESP – Microcefalias), no endereço www.resp.saude.gov.br e no Sinasc conforme orientação (Anexo II)

2- Identificar e estabelecer os serviços de saúde de referência e o fluxo de atendimento aos pacientes.

3 – Reforçar as ações de prevenção e controle vetorial em áreas urbanas e peri-urbanas,

conforme estabelecido nas Diretrizes Nacionais do Programa Nacional de Controle de Dengue.

4- Monitorar todos os recém-nascidos com microcefalia relacionados ou não com Zika vírus e investigar imediatamente a história pregressa da mãe.

5- Divulgar aos profissionais de saúde, definição padronizada de casos suspeitos de microcefalia e orientações para a assistência adequada aos pacientes (Anexo I);

6- Divulgar para a população, em especial as mulheres em idade fértil e as gestantes, medidas de proteção individual, mesmo sem evidência até o momento de relação causal de qualquer enfermidade e agravo prévio;

Essas informações foram elaboradas com base no protocolo de investigação do Estado de Pernambuco.

 Para maiores esclarecimentos a coordenação de Controle de Dengue se coloca à disposição pelo telefone (62) 3201 7879 ou pelo e-mail: denguegoias@gmail.com e também através do CIEVS (62) 3201 2688 em horário comercial e (62) 9812 6739 em período integral ou pelo e-mail: cievsgoias@gmail.com.

Atenciosamente,

Murilo do Carmo Silva

Coordenador de controle da Dengue

Magna Maria de Carvalho

Gerente de Vigilância Epidemiológica

 

ANEXO I – Protocolo Clínico

          De acordo com a finalidade, diferentes definições e unidades de medida existentes podem orientar o diagnóstico para classificação das microcefalias. Esses parâmetros de avaliação podem tanto ser apresentados diretamente em centímetros, como calculados por meio de percentis ou desvios padrão (DP) estabelecidos por cada referência para uma determinada idade, sexo e idade gestacional no momento do parto.

          Definições mais especificas como o Estudo Colaborativo Latino-Americano de Malformações Congênitas (ECLAMC) – Manual operacional edição 2009 – sugerem que essa anomalia seja estabelecida a partir de uma circunferência occipitofrontal (COF) menor que 3 desvios-padrão (DP) abaixo da média. Por outro lado, ações que exigem mais sensibilidade, principalmente com foco na detecção de casos, têm utilizado uma COF 2 DP abaixo da média, ou seja, menor que o percentil 3.

          As curvas de crescimento de Fenton para meninas e meninos (Figuras 1 e 2) e as curvas de crescimento da OMS (Figuras 3 e 4) fornecem parâmetros similares utilizando percentis para o acompanhamento do crescimento infantil, respectivamente, da 20ª até 50ª semana de gestação e do nascimento até a 13ª semana de idade. A Curva da OMS também é a referência da Caderneta de Saúde da Criança do Ministério da Saúde.

Com base nesses critérios, visando, nesse momento, aumentar a sensibilidade para detecção de casos nas notificações de microcefalia as seguintes definições de caso para notificação devem ser adotadas:

 – TERMO: recém-nascido, entre 37 e 42 semanas de gestação, com perímetro cefálico aferido ao nascimento igual ou menor que 33 cm, na curva da OMS.

          OU

– PRÉ-TERMO: recém-nascido, menor que 37 semanas de gestação, com perímetro cefálico aferido ao nascimento, menor ou igual que o percentil 3 (dois desvios padrão) na curva de Fenton.

Figura 1. Curvas de crescimento de Fenton para crianças (pré termo) para meninas.

 

1

Fonte: Fenton, Tanis R and Kim, Jae H. A systematic review and meta-analysis to revise the Fenton growth chart for preterm infants. BMC Pediatr. 2013; 13: 59. Published online 2013 April 20. doi: 10.1186/1471-2431-13-59. http://www.biomedcentral.com/content/pdf/1471-2431-13-59.pdf

Figura 2. Curvas de crescimento de Fenton para crianças (pré termo) para meninos.

2

Fonte: Fenton, Tanis R and Kim, Jae H. A systematic review and meta-analysis to revise the Fenton growth chart for preterm infants. BMC Pediatr. 2013; 13: 59. Published online 2013 April 20. doi: 10.1186/1471-2431-13-59. http://www.biomedcentral.com/content/pdf/1471-2431-13-59.pdf

 

Figura 3. Curvas de crescimento da OMS para meninas do nascimento até 13 semanas, em percentis.

3

Figura 4. Curvas de crescimento da OMS para meninas do nascimento até 2 anos, em percentis.

4

Fonte: OMS. Curvas de circuferência da cabeça por idade. http://www.who.int/childgrowth/standards/hc_for_age/en/

 

Figura 5. Curvas de crescimento da OMS para meninos do nascimento até 13 semanas, em percentis.

5

 

Figura 6. Curvas de crescimento da OMS para meninos do nascimento até 2 anos, em percentis.

6

 

Fonte: OMS. Curvas de circuferência da cabeça por idade. http://www.who.int/childgrowth/standards/hc_for_age/en/

Manejo Clínico

Anamnese

– Antecedentes pré-natais e maternos (infecções intrauterinas, insuficiência placentária, controle pré-natal, número de abortos, doenças maternas subjacentes);

– Exposição a substancias tóxicas com potencial teratogênico (drogas ilícitas, álcool, inseticidas, cosméticos, tabagismo, entre outras);

– Medicações utilizadas durante a gravidez;

– Exposição à radiação ionizante;

– Presença de rash cutâneo e outros sinais e sintomas sugestivos de infecção;

– Ultrassonografia gestacional (descrever os achados ultrassonográficos);

– Antecedentes familiares (transtornos genéticos, microcefalia);

– Cronologia das fases de desenvolvimento;

– Descrição do funcionamento atual e comportamento da criança

 Exame físico

Durante a realização do exame físico da criança, deve-se considerar:

 Medição precisa e padrão de crescimento do perímetro cefálico;

– Comparação do perímetro cefálico com outros parâmetros do crescimento;

– Presença de características dimórficas;

– Presença de anomalias congênitas que comprometem outros órgãos;

– Avaliação neurológica e do crescimento (descrever anormalidades)

Seguimento das crianças

    As crianças com microcefalia conforme definição de caso suspeito deverão ser encaminhadas a Unidades de Referência conforme estabelecido pelos estados e municípios.

          É necessário que todos os pacientes sejam referenciados com o encaminhamento do serviço de origem, portando os exames das mães (pré-natal) e dos recém-nascidos realizados na maternidade.

 

Figura 7. Algoritmo – Fluxograma de sinal clínico de microcefalia

7

 

 

Investigação Diagnóstica

Exames essenciais

– Tomografia de crânio computadorizada sem contraste;

– Coletar e conservar material:

Sorologia:

– Zika vírus;

– Chikungunya;

– Dengue;

– Citomegalovírus;

– Rubéola;

– Toxoplasmose;

– Parvovírus B19.

PCR:

– LCR (Zika vírus, Flavivírus, Alphavírus, Chikungunya e Dengue)

– Sangue (Herpes simples, Toxoplasmose e outros vírus)

– Urina (Citomegalovírus)

Obs.: os Laboratórios de Referência para realização dos exames, de acordo com suas especialidades, serão definidos oportunamente.

Exames gerais

– Hemograma, AST/TGO, ALT/TGP, ureia, creatinina e VDRL;

– Ecocardiograma;

– Avaliação oftalmológica com exame de fundo de olho;

– Exame de emissão otoacústica;

– Ultrassonografia de abdômen.

 

Figura 8. Algoritmo – Fluxo de diagnóstico laboratorial, na Maternidade, no Lacen ou na Unidade de Referência.

8

 

Quadro 1 Exames para a investigação de microcefalia

9

 

Coleta, conservação e transporte das amostras

 Sorologia

    Para o diagnóstico sorológico, o soro obtido a partir de sangue total é utilizado em enzyme-linked immunosorbent assay (ELISA). Não se deve congelar o sangue total, pois a hemólise pode interferir no resultado do teste de sorologia.

          Deve-se coletar o sangue sem anticoagulante, com seringa estéril descartável ou em tubo à vácuo com gel separador, realizando posteriormente a separação do soro sanguíneo. Acondicionar o soro obtido em tubos estéreis de plástico resistente com tampa de rosca.

          Para evitar risco de hemólise, deve-se fazer a separação do soro antes de enviá-lo ao laboratório. Deixar o sangue na temperatura ambiente por 20 a 30 minutos para permitir a retração do coágulo, centrifugar a 1.500 rpm. durante 10 minutos. Para separar o soro, no caso em que não for disponibilizada uma centrifuga, deixar repousar na temperatura ambiente por 2 a 24 horas (se for para sorologia) ou na geladeira a 4º C (fora do congelador) por um período máximo de 6 horas (se for para isolamento viral). O soro, assim obtido, deve ser decantado ou aspirado com pipeta Pasteur. Os soros obtidos para realização de estudos sorológicos podem ficar em temperatura ambiente por 24 horas e, em seguida, conservados a -20º C (no freezer) até o momento do transporte ou da realização dos testes.

          O envio dos soros deverá ser feito com os tubos envolvidos em plástico, colocados em caixa de isopor contendo gelo seco ou gelo comum. Recomenda-se colocar o gelo comum em sacos plásticos ou o uso de bobinas (placas, gelox etc.). Quando o tempo de permanência das amostras na unidade for inferior a 8 horas, estas devem estar armazenadas a temperatura de 2ºC a 8ºC e o seu transporte para o laboratório deve ser diário, em caixa com gelo.

          Na etiqueta, deve constar o nome do paciente por extenso, data da coleta, número de protocolo em ordem numérica e nome da Unidade de Saúde. Ao fazer a identificação na etiqueta, usar caneta com tinta resistente ao meio de conservação (gelo) ou lápis.

    Diante do contexto clínico, epidemiológico e laboratorial, recomenda-se o armazenamento das amostras e espécimes clínicos no Laboratório Central da Secretaria de Saúde Estadual (LACEN) até que seja concluído o protocolo de investigação laboratorial nacional.

 Líquido cefalorraquidiano (LCR) e urina

    Armazenar em criotubos e manter/enviar em gelo seco ou nitrogênio líquido. O transporte deve ser feito em caixa térmica, com gelo seco e/ou reciclável. Os recipientes das amostras devem estar acondicionados em sacos plásticos individuais, bem vedados, para que, em caso de descongelamento ou vazamento, não haja risco de contaminação das demais amostras.

          A caixa térmica deve conter uma quantidade de gelo reciclável suficiente para garantir uma temperatura mínima de 8ºC, até chegar ao Lacen e/ou laboratório de referência nacional. 

 

ANEXO 2

Orientações para notificação de caso suspeito de microcefalia

Definição de caso:

TERMO: recém-nascido, entre 37 e 42 semanas de gestação, com perímetro cefálico aferido ao nascimento igual ou menor que 33 cm, na curva da OMS.

OU

PRÉ-TERMO: recém-nascido, menor que 37 semanas de gestação, com perímetro cefálico aferido ao nascimento, menor ou igual que o percentil 3 (dois desvios padrão) na curva de Fenton.

Notificação imediata

A suspeita, notificação e registro oportuno de casos de microcefalia é fundamental para ativar o processo de investigação, visando à identificação das prováveis causas, assim como o acompanhamento da evolução destes casos. Neste momento, não se recomenda a digitação no Sinan, para isso um instrumento de registro rápido foi elaborado para consolidação e caracterização da emergência.

Reforça-se que a notificação imediata não isenta o profissional ou serviço de saúde de realizar o registro dessa notificação no SINASC, por meio da Declaração de Nascido Vivo.

Figura 9. Campos da DN para registro das anomalias congênitas.

10

 

Figura 10. Formulário de registro para preencher a mão antes de digitar (www.resp.saude.gov.br)

11

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Figura 11. Formulário eletrônico para envio das informações (www.resp.saude.gov.br)

13

 

ANEXO 3

Orientações que deverão ser repassadas à todas as gestantes e mulheres em idade fértil, com possibilidade de engravidar.

 

– Atualizar as vacinas de acordo com o calendário vacinal do Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde:

  • Procurar uma unidade de saúde para receber as vacinas recomendadas para a faixa etária e idade gestacional;
  • As vacinas geralmente têm um período que varia entre 10 dias e 6 semanas, até atingir a proteção esperada.

 

– Informar sobre o uso de medicamentos com potencial teratogênico;

– Orientar sobre a necessidade de atenção sobre a natureza e a qualidade daquilo           que se ingere (água, alimentos, medicamentos), consome ou tem contato, e o potencial desses produtos afetarem o desenvolvimento do bebê.

– Proteger-se das picadas de insetos:

  • Evitar horários e lugares com presença de mosquitos;
  • Sempre que possível utilizar roupas que protejam partes expostas do corpo;
  • Consultar o médico sobre o uso de repelentes e verificar atentamente no rótulo a concentração do repelente e definição da frequência do uso para gestantes;
  • Usar o repelente de acordo com a indicação do fabricante. Os mais comuns, à base de DEET, são seguros para uso em gestantes;
  • Permanecer, principalmente, no período entre o anoitecer e o amanhecer, em locais com barreiras para entrada de insetos como: telas de proteção, mosquiteiros, ar-condicionado ou outras disponíveis.

– Se houver qualquer alteração no estado de saúde, principalmente até o quarto mês de gestação, ou na persistência de doença pré-existente nessa fase, comunicar o fato aos profissionais de saúde ( médicos obstetras, médico ultrassonografista e demais componentes da equipe de saúde) para que tomem as devidas providências para acompanhamento da gestação.

 

Acompanhe nos anexos abaixo as orientações e Nota Técnica sobre o Zika Vírus X Microcefalia:

 

 

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