A Enfermagem: principais dificuldades na prática e o caminho a ser seguido


02.01.2014

ArtigoNa atualidade, o movimento em busca da prestação de assistência em saúde com qualidade e segurança está na linha de frente das discussões políticas e constitui-se grande desafio para a sociedade. Nesse contexto encontram-se as instituições de saúde com suas inúmeras dificuldades relacionadas aos recursos físicos, matérias e humanos. Embora algumas correções estejam sendo realizadas, a inadequação da área física dos estabelecimentos de saúde ainda é uma realidade que acarreta transtornos como dificuldade nos fluxos de pessoal, clientes e material comprometendo a qualidade da assistência à saúde e a segurança do paciente bem como a satisfação dos profissionais da equipe de trabalho. A escassez de recursos materiais e de equipamentos necessários para a execução das ações leva-nos a desconsiderar os protocolos ao realizarmos o atendimento implicando em riscos para o cliente, a instituição e para o profissional. Quanto ao quantitativo e qualitativo de recursos humanos para execução dos cuidados à saúde podemos afirmar que são poucas as instituições que prestam assistência aos pacientes com o número de profissionais que necessitam, especialmente em relação à equipe de enfermagem que representa o maior número de profissionais dos estabelecimentos de saúde. Na enfermagem o quantiqualitativo de recursos humanos adequado para a prestação do cuidado deve ser determinado pelo dimensionamento de pessoal que representa uma preocupação constante para os enfermeiros uma vez que está diretamente relacionado à qualidade da assistência prestada e a ocorrência de eventos adversos, o que compromete a segurança e a satisfação dos clientes. A segurança do paciente, dentre outros aspectos, envolve a ocorrência de eventos adversos. Esses, por sua vez, configuram-se como um indicador de qualidade da assistência prestada e sua ocorrência leva a resultados que prejudicam a segurança dos clientes, podendo causar aos mesmos lesões irreversíveis ou até a morte(1). Outro aspecto a ser considerado quando abordamos o dimensionamento de profissionais de enfermagem (DIPE) se refere aos trabalhadores da equipe. Estudos internacionais mostram que existe uma relação inversamente proporcional entre o número de profissionais de enfermagem, a fadiga emocional dos mesmos, a insatisfação no trabalho, podendo, ainda, implicar em questões legais e de saúde do trabalhador (2, 3, 4, 5, 6, 7). Além disso, o quantitativo de profissionais inferior ao número necessário para prestar atendimento ocasiona aumento da carga de trabalho levando à alta rotatividade, implicando em novas contratações, horas de treinamento e de aperfeiçoamento e, consequentemente, em aumento dos custos hospitalares (8). Considerando as questões apresentadas, as dificuldades relativas ao ambiente físico, à disponibilidade de materiais e equipamentos suficientes, a importância do provimento e manutenção de número adequado de profissionais para a execução da assistência de enfermagem segura e de qualidade e o fato de que os cuidados de enfermagem são essenciais à prestação de assistência à saúde, faz-se necessário que a equipe de trabalho desenvolva sua capacidade de argumentação técnica e negociação com as instituições nas quais estão inseridos para avançar na busca de soluções para esses problemas. Nessa direção vale ressaltar que os profissionais podem desenvolver parcerias com as instituições de classe da categoria como os Conselhos Regionais, Sindicatos e Associações que, de acordo com sua finalidade, servirá de órgão consultor, orientador e participante das discussões.

Bibliografia: 1. Bezerra ALQ. O contexto da educação continuada em enfermagem. São Paulo: Lemare/Martinari; 2009. 111p. 2. Pronovost PJ, Dang E, Dorman T, Lipsset PA, Garret E, Jenckens M et al. Intensive care unit nurse staffing and the risk for complications after abdominal aortic surgery. Eff Clin Pract. 2001; 4 (5):199-206. 3. Shamiam J, Kers MS, Laschinger HKS, Thompsom D. A hospitallevel analysis of the work environment and workforce health indicators for registered nurse in Ontario’s acute-care hospitals. Can J Nurs Res. 2002; 33 (4):51-70. 4. Curtin LL. An integrated analysis of nurse staffing and related variables: effects on patients outcomes. Online J Issues Nurs. 2009; 8 (3):5. 5. McGills L, Doran D, Pink GH. Nurse staffing models, nursing hours, and patient safety outcomes. J Nurs Adm. 2004; 34 (1):41-5. 6. Nicola AL, Anselmi ML. Dimensionamento de pessoal de enfermagem em um hospital universitário. Rev Bras Enferm. 2005; 58 (2): 186-90. 7. Tourangeau A, Doran D, Pringle D, O’Brien-Pallas L, Hall LM, Tu JV et al. Dotation en personnelinfirmier et milieux de travail: relations entre hospital et niveau de revenue. 2006 |cited 2013 apr 11|. Available from: http://www.chsrf.ca/final_research/ogc/tourangeau_f.php 8. Gelinas l, Bohlen C. The business case for retention. J Clin Systems Management. 2002: 4 (78): 14-6.

Autora Maria Alice Coelho Graduada em Enfermagem e em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Pós-graduada em Administração Hospitalar e em Direito Processual Civil. Mestre em Enfermagem pela Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás. Doutora em enfermagem pela Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás. Diretora de Enfermagem do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás.

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